n
Nas fases 1 e 2 foi assegurada a segurança da molécula, o que levou à evolução dos testes com a ampliação dos voluntários e volume de resultados. Por aqui, há três estudos clínicos na fase 3, que avaliam, agora, a eficácia da proxalutamida no tratamento da Covid-19, aprovados pela Anvisa respectivamente em junho, julho e setembro.
nn
Antes do início das pesquisas científicas e estudos clínicos – há uma diferença importante entre os dois que será mais debatida nesse espaço, em breve – a proxalutamida já era testada como um medicamento em potencial contra o câncer de próstata. Incluindo as pesquisas científicas e estudos clínicos votados ao câncer e à Covid, a molécula já foi usada por mais de dois mil pacientes ao redor do mundo. Em relação ao câncer, há estudos em fase 1 e 2 nos EUA e nas fases 1, 2 e 3 na China.
n
Esses dados, que já apontavam para a ausência de preocupações de segurança e efeitos adversos relevantes, foram aproveitados pela Kintor nos registros dos estudos clínicos atualmente em curso em relação à Covid.
n
Apesar disso, a droga, talvez uma boa novidade tanto em relação ao câncer quanto à Covid, a depender dos resultados finais, que podem sair, em alguns estudos, já em dezembro de 2021, sofreu com a repercussão negativa da atuação de alguns médicos no Brasil, com destaque para o Dr. Flávio Cadegiani. Cadegiani é acusado de desrespeitar inúmeros protocolos de uma pesquisa científica com a droga, no Amazonas, e não prestar as informações corretas nem relatar mortes em decorrência da Covid ou por outras causas aos órgãos competentes no Brasil. Haveria, ainda, um excessos de tratamentos “preventivos” sem comprovação aplicados paralelamente juntos aos pacientes, inclusive os que estavam nos grupos placebo.
nn
As acusações ao médico chegaram à CPI da Covid e ao Ministério Público e é provável que Cadegiani sofra duras – e ao que tudo indica mais do que justas – punições. Suspeita-se que a ação do médico faça parte de uma nefasta politização do tema, que vem prejudicando todo o enfrentamento da pandemia, como de resto ficou claro na CPI da Covid.
nn
Vem daí um prejuízo aos estudos científicos como um todo e mesmo à inovação médico científica no Brasil, que parece retroceder no tempo, enfrentando desde a falta de financiamento à utilização de redes de fake news, como as que atacaram e atacam o instituto Butantan, pioneiro no desenvolvimento da Coronavac. A vacina, a primeira disponível no país, teve papel essencial para frear a pandemia e atingir o patamar de queda de contágio e mortes que, felizmente, vemos hoje.
nn
Por isso mesmo épreciso ressaltar que, descartando-se essa utilização de caráter ideológico e envolvidas nas sombras das fake news e outros artifícios, os resultados científicos da proxalutamida, atéo momento, são positivos. Tanto que os estudos clínicos foram aprovados e são acompanhados pelos mais renomeados órgãos de controle do mundo, como o FDA (Food and Drug Administration), dos EUA, responsáveis pela avaliação de todos os novos medicamentos no país. Da mesma forma, os estudos clínicos de fase 3 no Brasil continuam, monitorados com transparência tanto pela Anvisa quanto pelo Conep e envolvendo profissionais e instituições de alta credibilidade. Nada disso ésuficiente, ainda, para apontar a eficácia da molécula, jáque esses resultados ainda não estão disponíveis ao público. Serápreciso esperar a divulgação de dados da fase 3 para avaliar se o medicamento seráuma aposta que deu certo ou não. Mas mantêm a proxalutamida como uma das medicações que ainda podem se consolidar no tratamento da Covid -19 e que merecem atenção. Cientifica.
n