O que são pseudo-vírus e qual é a sua importância para os ensaios clínicos?

O que são pseudo-vírus e qual é a sua importância para os ensaios clínicos?

Aliados no desenvolvimento de medicamentos, os pseudo-vírus ajudam a aumentar a capacidade de realização de testes em laboratórios de diferentes níveis de biossegurança

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O termo “pseudo” se refere a um conteúdo que não condiz com a realidade, porém isso não necessariamente corresponde a algo ruim, como acontece por exemplo com os chamados pseudo-vírus. Eles são partículas virais que possuem todas as propriedades de um vírus, no entanto, não infectam as células. Assim, é possível estudar de forma aprofundada a eficácia de um fármaco no vírus real ou a neutralização de sua ação nas células. Resumindo, o pseudo-vírus é uma cópia fiel e inofensiva que auxilia nos estudos relacionados ao vírus original.

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Os pseudo-vírus são importantes para os ensaios clínicos, pois permitem estudar a ação e eficácia de novos fármacos em laboratórios de classe-2 (BSL-2, sigla em inglês), ou seja, em laboratórios existentes nas universidades e em centros de pesquisa. Os estudos científicos realizados em relação aos vírus de grande risco, como o novo coronavírus (SARS-CoV-2), são obrigatoriamente realizados em laboratórios que cumprem exigências mais restritas a respeito do nível da biossegurança (BSL – Biosafety Level). Esses níveis variam do nível mais baixo de biossegurança (BSL-1) ao mais alto (BSL-4) e são um conjunto de precauções de bio-contenção necessárias para isolar agentes biológicos perigosos em um laboratório fechado.

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Pseudo-vírus e os testes em medicamentos

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Entre os fatores que ressaltam a importância dos pseudo-vírus está a sua utilização em experimentos que visam testar a eficácia de medicamentos, como é o caso do Sotrovimab, da farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), desenvolvido em parceria com a norte-americana Vir. Recentemente a GSK relatou que testes preliminares demonstraram que seu medicamento é eficaz contra a variante Ômicron (a mais recente até então) do coronavírus. Os dados foram coletados em experimentos feitos com pseudo-vírus criados a partir de técnicas de bioengenharia para transportar as mutações características da nova variante do Sars-CoV-2.

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A GSK informou que está concluindo testes de pseudo-vírus in vitro para confirmar se o anticorpo monoclonal é capaz de neutralizar uma combinação de todas as mutações da Ômicron. De acordo com as evidências científicas mais atuais, a variante tem 50 mutações. Os resultados, até então promissores, foram compartilhados em artigo publicado como prévia na plataforma bioRxiv e precisam ser revisados por outros pesquisadores. O laboratório pretende fornecer uma atualização até o final de 2021.

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