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O método científico oferece diversas vantagens pela maneira como propõe a construção do conhecimento, portanto entender o seu funcionamento é fundamental para não cair no erro de confundir as especificidades inerentes ao próprio processo com o ato negacionista de refutar fatos consolidados pela Ciência, influenciado principalmente pelo intuito de apoiar determinado viés político.
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Sendo assim, é importante reiterar que todo conhecimento científico é passível de contestação, e para ser aceito, deve fornecer resultados favoráveis repetidamente. Além disso, o método científico opera a partir da falseabilidade, o que significa que para um estudo ser realizado sob essa perspectiva, sua hipótese precisa poder, necessariamente, ser testada. Considerando apenas esses dois fatores fica fácil definir que Ciência não é opinião.
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A definição dos limites entre Ciência e opinião é uma antiga busca da humanidade. Remonta ao filósofo grego Platão, que em seu livro A República, escrito no século IV antes de Cristo, já colocava em campos opostos a Ciência, que ele chamava de conhecimento, e a opinião. Para ele, a opinião se situava entre o conhecimento e a ignorância, como algo incompleto, que reproduz conceitos sobre um objeto de estudo sem de fato conhecê-lo em profundidade.
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O tema continuou em estudo por muitos outros filósofos nos séculos que se seguiram, de Aristóteles a Immanuel Kant. A definição de opinião acabou por se consolidar como discurso sujeito à mudança ou à crença dúbia sobre algo, sem fundamento racional. Dessa forma, ela seria uma manifestação da ausência de reflexão profunda sobre a natureza daquilo sobre o que se opina.
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Em meio a esse debate, a própria Ciência têm tido um papel importante na elaboração de uma espécie de autocrítica, que contribui na transparência e no esclarecimento de certas questões.
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Por exemplo, no ano de 2019 foi divulgado um relatório pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos que forneceu bases objetivas para ampliar a credibilidade do trabalho dos cientistas, focando na redução da quantidade de pesquisas cujos resultados acabam não sendo confirmados em estudos posteriores.
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De acordo com o médico Harvey Fineberg, ex-diretor da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard e presidente do comitê que elaborou o relatório, a confirmação de resultados científicos em estudos subsequentes é um mecanismo de autocorreção da ciência consagrado e de importância essencial.
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Segundo Fineberg, “Órgãos de financiamento à pesquisa, revistas, instituições acadêmicas, formuladores de políticas e os próprios cientistas têm um papel a desempenhar na melhoria da reprodutibilidade e replicabilidade, garantindo que os pesquisadores sigam práticas de padrão elevado, compreendam e expressem a incerteza inerente às suas conclusões e continuem a fortalecer a rede interconectada de conhecimento científico, que é o principal impulsionador do progresso no mundo moderno”.
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Fonte:
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https://revistapesquisa.fapesp.br/mecanismos-de-autocorrecao-da-ciencia/
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