Covid-19: Brasil rediscute sua dependência de insumos importados

Covid-19: Brasil rediscute sua dependência de insumos importados

“Há uma necessidade de estudar medicamentos com o objetivo de reduzir a multiplicação viral e, consequentemente, impactar a gravidade da Covid-19”

Kleber Giovanni Luz, infectologista membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

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Ao lado das vacinas, medicamentos assumem cada vez mais importância no combate à infecção causada pela SARS-CoVs

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Uma das discussões que a pandemia da Covid-19 trouxe novamente à tona gira em torno da capacidade nacional de produção de medicamentos e insumos para fabricar imunizantes. Atualmente, o Brasil importa 74% de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) necessário para fabricar a vacina Oxford/AstraZeneca, elaborada pela Fundação Oswaldo Cruz, e a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan.

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O cenário atual de dependência é bem diferente do que ocorria na década de 1980, quando a indústria farmacêutica nacional respondia por 50% dos insumos. Nas últimas quatro décadas, Brasil reduziu de 55% para 5% sua capacidade industrial farmacêutica. Havia incentivo para as empresas tanto multinacionais quanto nacionais, lembra o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Norberto Prestes. No entanto, a partir do governo Collor, o mercado foi aberto para os produtos importados sem uma estratégia de desenvolvimento nacional.

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O modelo de dependência vem sendo apontado como uma das principais causas do atraso para a chegada de imunizantes dos quais depende a produção de vacinas. O esvaziamento industrial contrasta com a demanda interna, pois constituímos o 10º mercado mundial de farmacêuticos, com US$ 20,1 bilhões em vendas em 2019.

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Diversos medicamentos já foram aprovados para o tratamento de pacientes infectados pela Covid-19, doença que matou mais de 600 mil pessoas no Brasil. Um dos fármacos autorizados pela Anvisa chama-se sotrovimabe — anticorpo monoclonal que imita a capacidade do sistema imunológico. O infectologista Kleber Giovanni Luz, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, lembra que é preciso realizar estudos com substâncias que sejam capazes de reduzir a carga viral da Covid.

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— No Brasil já tivemos mais de 600 mil casos de mortes pela Covid-19. Há uma necessidade de estudar medicamentos com o objetivo de reduzir a multiplicação viral e, consequentemente, impactar a gravidade da doença. Um dos estudos propostos utiliza a proxalutamida, droga já usada para tratamentos de doenças neoplásicas malignas. O que está se evidenciando buscar é o uso dessa medicação para tratamento de pessoas que têm uma forma de infecção que não seja grave — explica o especialista.

nnhttps://youtu.be/5za1HaExrZ4

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“Há uma necessidade de estudar medicamentos com o objetivo de reduzir a multiplicação viral e, consequentemente, impactar a gravidade da Covid-19”

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Kleber Giovanni Luz, infectologista membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

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