Arma contra a pandemia não se resume a vacinas

Arma contra a pandemia não se resume a vacinas

Assim como o Tamiflu ajudou a debelar a H1N1, novos medicamentos prometem reduzir carga viral da Covid-19 na fase inicial da infecção

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O consenso científico sobre a importância das vacinas para combater a Covid-19 não exclui a constatação de que alguns medicamentos têm o poder de impedir a replicação do vírus. Testes já comprovaram a eficácia de fármacos como o molnupiravir (fabricado pela MSD) e o Paxlovid (fabricado pela Pfizer). Ambos já foram comparados com a atuação do antiviral Tamiflu em relação à H1N1- a gripe suína que alarmou o mundo em 2009. A experiência na época com o medicamento, cujo nome farmacêutico é oseltamivir, pode inspirar os cientistas atualmente envolvidos com as pesquisas de novos tratamentos contra a Covid.

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No ano de 2014, um estudo publicado na revista britânica The Lancet Respiratory mostrou dados da eficácia do Tamiflu. O medicamento reduziu em 25% o risco de óbito entre os adultos hospitalizados em meio ao surto, de 2009 a 2010. Além disso, uma análise de uma série de estudos – ou meta-análise – trouxe à tona que esse risco ficava em 50% quando o Tamiflu era ministrado no máximo dois após o surgimento dos sintomas. Em agosto de 2010, finalmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS), anunciava o fim da pandemia de gripe A.

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Antivirais impedem a invasão das células humanas na fase inicial da infecção

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Os testes com os medicamentos antivirais têm como objetivo frear a ação do novo coronavírus no organismo. Alguns têm a capacidade de impedir os microrganismos de invadir as células humanas. Tal invasão constitui parte fundamental do próprio processo de infecção. Outros fármacos agem por outro viés: o genético. São substâncias que agem diretamente sobre as informações no DNA do vírus da Covid-19 e, por isso, conseguem enfraquecer a replicação viral.

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O uso dos medicamentos logo nos primeiros dias da infecção é um aspecto essencial para o sucesso do tratamento. A fase crucial vai do primeiro ao quinto dia após o surgimento dos sintomas, quando existe uma alta carga viral. Depois da primeira semana, o paciente entra na fase inflamatória, durante a qual os fármacos antivirais já não oferecem o mesmo efeito.

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O chamado tratamento precoce, desde que tenha embasamento científico e tenha sido devidamente testado, pode estar, finalmente, próximo. Um tratamento inicial correto com medicamentos eficazes é capaz de eliminar gatilhos de inflamação e de complicação no pulmão, concordam os médicos.

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Fármaco molnupiravir confunde o vírus ao alterar seu código genético

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O molnupiravir, produzido pela farmacêutica norte-americana MSD (Merck Sharp & Dohme), é ministrada por via oral, e atua ao introduzir erros ao código genético da Covid. O resultado é o embaralhamento do “manual de instruções” do vírus. O comprimido foi aprovado em novembro pela agência regulatória do Reino Unido. Testes clínicos na Grâ-Bretanha provaram a redução do risco de hospitalização ou de morte pela metade. O molnupiravir ainda aguarda aprovação definitiva nos Estados Unidos, mas já conta com o voto favorável da FDA (Food and Drug Administration).

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Outra promessa vem da Pfizer, que desenvolveu o antiviral Paxlovid. Um estudo conduzido com 697 pessoas resultou em cinco hospitalizações e nenhum óbito. Todos tomaram o remédio nos primeiros três dias sintomáticos.

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O surgimento da nova variante Ômicron contribui para mobilizar ainda mais as farmacêuticas na corrida por medicamentos capazes de combater diversas mutações. A britânica GSK divulgou nos últimos dias que estudos com o remédio sotrovimabe, desenvolvido em parceria com a Vir Biotechnology, já mostraram a sua eficácia contra as 37 mutações na proteína spike do Ômicron. Os resultados finais ainda serão publicados em jornais científicos.

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